12.11.06

Revolução

Thomas S. Kuhn

Historiador e filósofo da ciência (1922-1996), foi o responsável por alterações substanciais no panorama da filosofia e da sociologia da ciência na década de 60. Estudou inicialmente Física na Universidade de Havard, mas mudou o rumo da sua investigação ao dedicar-se à História e Filosofia das Ciências.
Na obra The Structure of Scientific Revolutions (A Estrutura das Revoluções Científicas, 1962), que se tornou uma referência obrigatória para entender a História e a Filosofia do conhecimento científico, a sua tese fundamental consiste na convicção de que as ciências não progridem uniformemente, de uma forma contínua e cumulativa, tendo, por fim, a concretização de verdades. O progresso científico é, pelo contrário, descontínuo, feito por rupturas, que transformam por completo o paradigma científico dominante.
A epistemologia de Kuhn comporta três conceitos fundamentais: o de paradigma, o de ciência normal e o de ciência extraordinária. O paradigma representa um conjunto de teorias, de regras, de métodos, de formulações que são comummente aceites pela comunidade de cientistas. Cada paradigma tem subjacente uma determinada forma de olhar o mundo, correspondendo a mudança de paradigma a uma alteração radical dessa mesma visão do mundo. A ciência normal traduz o estado da ciência em que o paradigma tem a aceitação da comunidade científica. Todavia, no período da "ciência normal", podem surgir anomalias, que se revelam quando os esquemas explicativos dominantes estão saturados e já não conseguem explicar o real, isto é, as observações que são feitas. Surge um período de crise, que leva à procura de novas teorias que possam resolver um maior número de problemas, e este pensamento de natureza divergente, já que procura novas soluções que escapam ao anterior paradigma e não se coadunam com ele, conduz a uma "ciência extraordinária". A "Revolução Científica" dá-se quando o velho paradigma é abandonado e é aceite um novo paradigma. Como estes paradigmas são, essencialmente, diferentes modos de ver o mundo (mundividências), não é possível estabelecer termo comparativo entre eles. Dizem-se incomensuráveis, pois na passagem de um para outro dá-se um salto descontínuo, qualitativo, e não um crescimento gradual. Não é possível aceitar ambos os paradigmas em simultâneo porque cada um deles se baseia numa diferente mundividência. Existe uma mudança de percepção da realidade (interpretação), ou gestalt-shift.



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