Ideias e palavras
Quantas vezes não tentámos já dizer alguma coisa e as palavras teimavam em não sair? E quantas vezes tentámos falar sobre determinado assunto e eram apenas as palavras erradas que nos saíam da boca? Realmente, para seres que descobriram (e desenvolveram) uma coisa como a linguagem, apesar da sua grande utilidade prática, também conseguimos enredar-nos na sua teia. E é uma teia que faz várias vítimas, às vezes sem nos apercebemos sequer. Como qualquer produto da invenção humana, também este tem os seus erros, erros aos quais não podemos ser alheios.
É difícil expressar ideias pela linguagem porque as palavras são extremamente objectivas. O pensamento humano é demasiadamente subjectivo para aguentar a objectividade da linguagem. Por isso ele prontamente se encarregou de arranjar, categorizar, determinar e delimitar duas valências da linguagem: uma delas a chamada denotativa, objectiva; a outra conotativa, subjectiva. Um artifício do pensamento humano que muito jeito nos dá para analisarmos textos escritos.
O problema que aqui se levanta é que uma ideia ou um pensamento humano é demasiadamente plural, dinâmico e abrangente. Quando utilizamos as palavras, ele cristaliza-se em algo fixo, e também moldável, se assim o desejarmos. A ideia primordial, em si, é abrangente. Pode ser tão abrangente que não existam palavras que a possam descrever. Aí, poder-se-á recorrer a outras linguagens, como sendo a artística, ou até sentimentos. Estes, já mais subjectivos, estão mais de acordo com as ideias originiais. Até aqui tudo bem.
Mas e quando procuramos elaborar um raciocínio acerca de algo subjectivo e temos forçosamente que utilizar as palavras para nos entendermos? É tarefa de titãs (ou de loucos). Sistemas filosóficos, experiências pessoais, estados de espírito, ideias de qualquer tipo... torna-se desesperante. Que solução a dar a este problema?
Como é pela ideia que um pensamento subjectivo se forma, então não devemos reduzir esta à linguagem, mas antes procurar que a linguagem se molde, abra e expanda perante a beleza dessa ideia. Uma ideia complexa, subjectiva, só é correctamente captada se se procurar compreender a própria ideia, e não exemplos ou representações dessa ideia (já que estes dependem da primeira). Trata-se de ir beber à fonte o entendimento. Mas como fazer isso?
Talvez se procurarmos utilizar de uma maneira justa os domínios objectivo e subjectivo da linguagem possamos chegar a algum lado. Se o que interessa é a ideia, então é necessário que, pelas palavras que usamos, tentemos a todo o custo transparecer essa ideia. Muitas vezes, isso passa por utilizar grupos de palavras que, isoladamente, possam não fazer sentido, ou entrar em contrasenso. Mas, quando reunidas num todo harmonioso, se o aspecto, a síntese global do texto, o conjunto formado por todos os pontos que enunciámos (mesmo que alguns deles não façam todo o sentido), for, de facto, significante (isto é, se aquilo que foi enunciado é capaz de fazer sentido, de transparecer um significado, de veicular uma mensagem, por mais subjectiva que ela seja), então acredito que seja possível afirmar que a tarefa foi cumprida.
O que interessa é a mensagem, não o texto. A forma é apenas um veículo dentro do qual se move o conteúdo. Nem interessa tão-pouco aquele que fala, mas sim a sua ideia. E o importante é que se possa, mesmo no meio de tanta imperfeição linguística, compreender aquilo que os outros querem dizer. É por isso que a comunicação é tão importante...
É difícil expressar ideias pela linguagem porque as palavras são extremamente objectivas. O pensamento humano é demasiadamente subjectivo para aguentar a objectividade da linguagem. Por isso ele prontamente se encarregou de arranjar, categorizar, determinar e delimitar duas valências da linguagem: uma delas a chamada denotativa, objectiva; a outra conotativa, subjectiva. Um artifício do pensamento humano que muito jeito nos dá para analisarmos textos escritos.
O problema que aqui se levanta é que uma ideia ou um pensamento humano é demasiadamente plural, dinâmico e abrangente. Quando utilizamos as palavras, ele cristaliza-se em algo fixo, e também moldável, se assim o desejarmos. A ideia primordial, em si, é abrangente. Pode ser tão abrangente que não existam palavras que a possam descrever. Aí, poder-se-á recorrer a outras linguagens, como sendo a artística, ou até sentimentos. Estes, já mais subjectivos, estão mais de acordo com as ideias originiais. Até aqui tudo bem.
Mas e quando procuramos elaborar um raciocínio acerca de algo subjectivo e temos forçosamente que utilizar as palavras para nos entendermos? É tarefa de titãs (ou de loucos). Sistemas filosóficos, experiências pessoais, estados de espírito, ideias de qualquer tipo... torna-se desesperante. Que solução a dar a este problema?
Como é pela ideia que um pensamento subjectivo se forma, então não devemos reduzir esta à linguagem, mas antes procurar que a linguagem se molde, abra e expanda perante a beleza dessa ideia. Uma ideia complexa, subjectiva, só é correctamente captada se se procurar compreender a própria ideia, e não exemplos ou representações dessa ideia (já que estes dependem da primeira). Trata-se de ir beber à fonte o entendimento. Mas como fazer isso?
Talvez se procurarmos utilizar de uma maneira justa os domínios objectivo e subjectivo da linguagem possamos chegar a algum lado. Se o que interessa é a ideia, então é necessário que, pelas palavras que usamos, tentemos a todo o custo transparecer essa ideia. Muitas vezes, isso passa por utilizar grupos de palavras que, isoladamente, possam não fazer sentido, ou entrar em contrasenso. Mas, quando reunidas num todo harmonioso, se o aspecto, a síntese global do texto, o conjunto formado por todos os pontos que enunciámos (mesmo que alguns deles não façam todo o sentido), for, de facto, significante (isto é, se aquilo que foi enunciado é capaz de fazer sentido, de transparecer um significado, de veicular uma mensagem, por mais subjectiva que ela seja), então acredito que seja possível afirmar que a tarefa foi cumprida.
O que interessa é a mensagem, não o texto. A forma é apenas um veículo dentro do qual se move o conteúdo. Nem interessa tão-pouco aquele que fala, mas sim a sua ideia. E o importante é que se possa, mesmo no meio de tanta imperfeição linguística, compreender aquilo que os outros querem dizer. É por isso que a comunicação é tão importante...