22.10.06

De la Vie et de la Mort


Alguém me poderia explicar o que é uma "Associação Pró Vida"?

Liguei a televisão para ver as notícias, calhou me ouvir logo esta expressão...desliguei em menos de 2 segundos...seguramente a minha melhor acção do dia.

PS : Será o contrario de uma "Associação Pró Morte", aquelas associações communo-satanicas que só querem matar o pessoal, começando pelos fetus????

PS2 : Desenho de Sigur Rós

18.10.06

De la Société et des Murs


Cartoon by Stephff [Courrier International]

Se o Mundo seguisse uma lei constante e inalterável, acabaríamos todos enjaulados, sem grande contacto entre nós, porque contacto é doenças, é sujidade, é perigo, é imoral, é contestatário e a nossa sociedade perfeita não poderia deixar isso acontecer.
Assim hoje em dia ergue-se muros um pouco por todo o mundo, por razões diferentes, mas sempre com o mesmo intuito. Segregar ao máximo as pessoas por grupos, tribos, círculos.
Assim a Europa não deixa os africanos entrarem no seu espaço comunitário, os EUA fecham a fronteira aos mexicanos, Israel constrói um muro para se proteger dos palestinianos. O pior mesmo é a segregação que existe a nível local, com os ricos fechados em condomínios e em colégios particulares e os pobres em ghettos a margem da actual cidade (tanto a definição actual como a definição grega), como existe (e não só, esses são casos extremos) no Brasil ou Africa do Sul. Assim temos sociedades cada vez mais separadas, mesmo no dia a dia, com os não sei quantos de gola alta, os não sei quê de calças rebaixadas e os tais e quais de boné e brinquinho, ou então os do cinema independente e os do cinema pipocado. É preciso é escolher um bando, um clube, uma orientação sexual, … encontrar diferenças e sobretudo odiar os outros que não partilham os mesmos gostos, a mesma classe. Claro que toda gente é diferente e que devemos exprimir essa diversidade sem receio, mas acho que não podemos cair nesta espiral de termos de impingir essa diferença aos outros para existirmos, porque ser diferente é uma coisa, mas ser desigual porque temos de o ser, é outra.
Mas felizmente, o Mundo não é um estado em equilíbrio (=morto) e desde sempre deitamos abaixo muros, preconceitos e diferenças, porque ao fim de conta o que importa não é o que nos diferencia mas o que nos une (mas não temos de, nem espero, cair necessariamente na uniformização, a outra face da moeda…)

12.10.06

passado presente ou futuro?

O último post do Bruno fez-me pensar em algo que, há não muito tempo, estava conversando com uma amiga minha. A questão do tempo.

O tempo é algo tão insistentemente fugidio que nos parece completamente caótico no seu correr, assim como um rio corre. Mas até dos rios sabemos que correm para o mar, por isso eu permaneço céptico quando alguém se fica pela subjectividade do tempo. Ou como já dizia o Bernardo Soares, irritam-me as pessoas que pensam que as coisas que acontecem o fazem sem a sua causa devida. Se para onde quer que nos viremos vemos uma razão de ser em tudo na natureza, e sabendo que nós fazemos parte dela, porquê admitir que nós teríamos que ser diferentes de tudo o resto? A lógica da causa e efeito faz sentido nos fenómenos naturais, e porque não em nós também, e naquilo que nos acontece? Talvez as coisas nos aconteçam por alguma razão... (razão essa que desconhecemos).

Mas aquilo que vou falar está ligado ao conceito de tempo. O que é o tempo, afinal, para nós? Falamos tantas e tantas vezes à boca cheia em passado, em presente e em futuro... mas qual é a sua natureza?

Aquilo que é mais fácil começar por analisar é aquilo que está mais perto de nós, e portanto mais acessível. O presente. O presente é o instante em que vivemos, é isto, o "agora". Definição algo confusa... Mas ajuda dizer que o presente, neste momento, é esta palavra que eu escrevo aqui, e não aquelas que eu escrevi acima. O presente é, acima de tudo, um momento. E é ainda a única coisa de que podemos ter certeza mais apurada (já não digo verdadeira porque isso envolvia pressupor de que o presente que vivemos é aquilo que realmente existe, coisa que não sabemos).

Qual a natureza do futuro? Pergunta sem sentido... o futuro é uma projecção, é uma idealização que criamos na nossa mente e que nos permite prever ou formular hipóteses (mais ou menos prováveis) acerca daquilo que nos pode vir a acontecer. Mas qual é a sua verdadeira natureza, isto é, o que é o futuro? Ora, a única resposta que nos pode ocorrer é que o futuro não passa de uma idealização. Como tal, apenas existe na nossa mente, e não possui qualquer substância, isto é, é ilusório. Um exemplo simples é o da clássica pergunta que fazemos: então e quando o futuro chegar até nós? Aí já não é futuro, aí já é presente. E como o momento (presente) não é uma projecção, pois não podemos viver algo que ainda não é, resulta que o futuro não existe. Existe, sim, na nossa mente, mas apenas como ideia ou conceito. Não tem substância real.

Qual a natureza do passado? Outra pergunta sem sentido... à semelhança do futuro, o passado não existe. Mas como é isso possível? Simples; à semelhança do futuro, o passado não é mais que uma ideia mental daquilo que um dia foi presente. Convém notar que a única razão que nos faz dizer que há um passado é a nossa capacidade de memória. Queimem toda a cultura que existe (tudo aquilo que foi criado pelo homem). Matem todas as pessoas que têm conhecimento dessa cultura. O que fica é rigorosamente nada. O passado é um processo mental, uma ideia, um conceito idealizado daquilo que foi, em tempos, presente. Qual a natureza então do passado? Verdadeira? Só pode ser, também, ilusória...

O facto do passado e do futuro possuirem uma natureza ilusória não retira a sua importância. É importante ter a capacidade para fazer previsões, de modo a conseguir estruturar a nossa vida. É importante ter a capacidade para recordar coisas que nos aconteceram (a nós enquanto pessoas ou enquanto humanidade), porque, de facto, podemos aprender muito com tudo aquilo que já aconteceu. Agora, é preciso ter sempre a mente limpa de qualquer influência que nos diga que o passado ou o futuro são reais. Não podemos agir no futuro, ou agir no passado. Uma conjectura é fruto da mente. E uma memória não pode ser vivida, apenas revivida - mas não modificada. Apenas podemos agir no presente. Assim, só o presente é real.

Mas, assim, se só o presente é real, faz sentido ficar agarrado quer ao passado, quer ao futuro? A única coisa que temos de mais real possível é o presente. E, ainda assim, ninguém nos deu ainda certeza de que este presente que vivemos é realmente real, isto é, de que ele existe, e não é, também ele, uma ilusão.

Aquilo que o post do Bruno me sugere é isto: será que vale a pena ficar preocupado com o que já aconteceu? Será que vale a pena preocuparmo-nos com o que ainda não aconteceu? O que é importante é que, livre de memórias passadas ou expectativas futuras (que são ilusórias, na verdade), possamos viver o presente no presente. Este é o verdadeiro significado do carpe diem horaciano. Vive o momento, porque é a única coisa que sabes que podes viver (agir).

"Só existem dois dias no ano em que nada pode ser feito. Um chama-se ontem e o outro amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e sobretudo viver." (Dalai Lama)

11.10.06

a essência da coisa

O meu primeiro post neste blog é, cof cof, uma fotografia. Henri Matisse por Henri Cartier-Bresson. Eu era para escrever muita coisa mas... fico só a olhar e desconcentro-me...

Os amigos?

Ia escrever qualquer coisa sobre a amizade e de como duvido que mantenha contacto com alguns dos meus agora amigos quando estiver longe. Ia ainda tentar mostrar como faço alguns sacrifícios para manter essa amizade quando do outro lado pouco vejo e béu, béu, béu…

Arrependi-me! Não tenho que escrever sobre este assunto ou sequer estar preocupado com isto.

Assim que aparecerem os momentos menos bons logo se verá quem é amigo ou não. Pensando bem, é impossível e estúpido tentar imaginar quem será meu amigo ou não no futuro e em função disso alterar o meu comportamento agora…

A relação entre mim e um indivíduo X atingirá um equilíbrio (equilíbrio que mais favorece os dois) e portanto ficaremos os dois contentes sem comprometer a felicidade do outro. Pedir mais do indivíduo X é egoísmo e alterar esse equilíbrio pois estabelece um conjunto de regras (quase um contrato) e estraga o de mais belo na amizade, o seu carácter irracional – indomável, inexplicável, sem objectivo, livre...

E aqui está o fim das lamúrias, finalmente!

(Procura-se boa imagem para acompanhar o texto)

8.10.06

7ª Festa do cinema Francês


Entre 4 de Outubro e 21 de Novembro 7 cidades portuguesas vão receber a 7ª Festa do cinema Francês com 32 estreias nacionais de produções recentes (premiados em Sundance, Cannes...). Na grande lisboa, os filmes vão poder ser vistos no São Jorge ou no Institut Franco-Portugais (Metro Saldanha), ou ainda em Almada no Fórum Municipal Auditório Fernando Lopes-Graça.
O preço é de 3.50€ ou 2.50€ para estudantes.

Estou particularmente a espera do filme "Paris, je t'aime" (14-10-2006 22h00 - Cinema São Jorge), que vé Paris pelos olhos de 20 realizadores internacionais. Assim 20 "curtas metragens" sobre os 20 "arrondissements" de Paris são reunidas num filme com Fanny Ardant, Gérard Depardieu, Juliette Binoche ou ainda Nathalie Portman, entre muitos outros. Já me disseram que nem todas as sequencias são boas, mas que vale a pena ir ver.
Também vou aproveitar para ver mais um filme da Monica Bellucci na comedia "Combien tu m'aime?" (13-10-2006 22h00 - Cinema São Jorge) ou "Dans Paris" (12-10-2006 22h00 - Cinema São Jorge) ou ainda o documentario sobre as doenças do trabalho "Ils ne mouraient pas tous mais tous étaient frappés" (11-10-2006 22h00 - Cinema São Jorge).

Para mais informações :

http://www.festadocinemafrances.com/