7.7.06

Du Rêve et de la Raison


Numa noite cinzenta (cinzenta? absurdo!) de Janeiro, dois velhos amigos encontram-se no café da Dona Émilia para beber um copo e conversar.
Porque como dizia Martin Buber, ou antes dele os poetas Sophron e Epicharmus e o filosofo Platão, o dialogo é o elemento predominante na filosofia.
Não uma forma de chegar a conclusões argumentando, isso revela mais de uma querela, mas uma forma de entrar em communicação e graças a isso crescer.
A conversa é animada e ao falar de uma estadia prolongada de Horkheimer na Argentina, este ultimo revela uma grande saudade do tempo passado là.
E ao enobrecer a mentalidade e o modo de viver argentino, ele mostra claramente a sua vontade de là estar e a tristesa que sente por não poder.

Schopenhauer : A vida é uma luta tão grande por aquilo que realmente queremos. E o pior é que quando já temos o que queremos, queremos sempre mais qualquer coisa...
Horkheimer : Sempre...eu estava là e estava a adorar mas queria estar noutra...para saber como é.
Schopenhauer (a rir-se) : É como a música do Variações, só estamos bem aonde não estamos!
Horkheimer : Ya, porque estamos sempre melhor nos sonhos, e sonhamos sempre com "onde não estamos".
Schopenhauer : É verdade...viver é sonhar e é o sonho que nos mantém vivos.
Horkheimer : Ya, mas também faz com que as vezes não vivêssemos. Porque estamos sempre desejosos de estar noutro lugar, e tenho medo de ser assimm...e sou.
Schopenhauer : Tu és um filho do vento, e vais conforme diz a vontade... não te podes prender a nada. Mas não te esqueças que os filhos do vento ainda caminham com os pés assentes na terra.
Horkheimer : E que consequência tem isso?
Schopenhauer : Se para caminhar precisas de ter os pés assentes na terra, tens de ter atenção para onde pisas, não vás pisar os sítios errados.
Horkheimer : O problema é que com a cabeça no ar não se vê onde se anda...
Schopenhauer (com um sorriso) : Então tens de saber sentir quando estás a pisar o caminho certo, e quando pisas o errado...
Horkheimer : Ser consciente dos meus actos...
Schopenhauer : Sempre...Daquilo que fazes e daquilo que as consequências desses actos fazem.
Horkheimer (ao pegar nos seus pertences) : Epá o meu próximo acto é ir para a cama (levanta-se) Ciao, fica bem!
Schopenhauer : Estás a ver? a consequência disso é má! Porque assim fico só eu aqui.
Horkheimer : Mas assumo, e vou sem remorsos!
Schopenhauer : Inteligente! Assim não fico chateado. abraços!

Horkheimer e Schopenhauer abraçam se e Horkheimer sai ao por o seu chapéu sobre os seus cabelos brancos.

(Fotografia tirada por Mitch Bacano na Öresundsbron, ponte que liga a Dinamarca e a Suécia, Fevereiro 2006)